
são capazes de se transformar a partir das adversidades, recuperar o fôlego e superar qualquer babado. Mas aí tem muita gente que, numa escala de 0 a 10, tem resiliência 0,05. MUITA gente. Vamos a alguns exemplos e você conta se se identificou com algum (ou conhece alguém em que a carapuça serve direitinho):
- Ele tá indo bem no emprego, vidinha arquitetada, contas pagas em dia, folga sábado e domingo, que delícia. Daí a empresa faz um corte brutal de gastos, que vai da marca do papel higiênico aos "queridos" colaboradores, e ele roda. Depois disso, se enfia debaixo do edredom e demora anos pra arrumar outro emprego, que, é CLARO, não é NADA comparado ao antigo. O antigo era A OPORTUNIDADE da vida e ELE, pobre coitado que foi cuspido pra fora, massacrado pelo impiedoso sistema capitalista e bla-bla-bla-bla-bla, não terá mais chance de encontrar seu lugarzinho sob o sol.
- Ela é louca pra ser médica desde que se conhece por gente. Aos 5 anos já andava pela casa passando Vick Vaporub nos ursinhos de pelúcia e enfiou na cabeça que queria ser pediatra, cuidar de crianças doentes, salvar vidas, vestir branco, uau! Só que daí não passou no vestibular pra medicina. E como na família todo mundo sempre entrou de cara na faculdade e ela tinha colocado "farmácia" como segunda opção, resolveu encarar a segundona. Pro resto da vida. Porque ninguém merece fazer anos de cursinho pra não passar, né? E ela conhece umas pessoas que estão tentando pela quarta vez! Socorro, né?!
- O casal financia apartamento e carro e rala, rala, rala pra pagar. Aí os dois decidem fazer a viagem dos sonhos depois de 5 anos vendendo as férias. Compram passagem, sunguinha nova, câmera digital, reservam o hotel mais show de bola. Duas semanas antes da viagem, o salário dela atrasa e os clientes dele param de fazer pedido. O casal faz os cálculos e percebe que, se não desistir da viagem, as contas vão todas atrasar. Aí os dois começam a sofrer de insônia e preocupação, ele brocha, ela vai pra casa da mãe - até que, sabiamente, decidem que é melhor deixar a viagem pra dali a mais 5 anos e ficar com as contas em dia, jogando buraco em casa.
Aí a gente pergunta: olhando pra essas três criaturas, o que VOCÊ diria pra elas?
- Cara, pelo menos você conseguiu um outro emprego. Tem tanta gente passando fome por aí.
- Lindinha, medicina é difícil mesmo. Desencana. O que importa é você ter um diploma e uma vida estável. E se você quiser eu te empresto minhas temporadas de "Plantão Médico" pra você assistir sábado à noite. Pro resto da vida.
- Gente, melhor dormir um sono tranquilo, sabendo que vocês não devem nada pra ninguém, do que ficar transando bronzeados e depois voltar pra casa com o nome sujo e um monte de conta pra pagar.
SE ESSAS SERIAM AS SUAS RESPOSTAS, PROVAVELMENTE SEU NÍVEL DE RESILIÊNCIA TAMBÉM É QUASE NULO.
A gente tem mania de abrir mão dos ímpetos, das loucuras, dos sonhos e dos desejos pensando no que "é certo". Mas é certo pra quem, cara pálida?! Pra sociedade? Pro banco? Pro seu papai? Pros seus vizinhos? OU É CERTO PRA VOCÊ?